
MAÇONARIA E ROSACRUCIANISMO
Uma Interpretação Esotérica
da «Estrela de Cinco Pontas» *
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por
A.
AMADEU DE ARAGÃO M. **
*
Texto da conferência proferida em Maio de 2015 perante uma Assembleia
de Maçons no Palácio Maçónico do Grande Oriente Lusitano
e no Lusitano Templo Rosacruz da Fraternidade Rosacruz in
Lusitania no Solstício do Verão de 2015.
Segundo HELENA P. BLAVATSKY 1
“os mais famosos Kabalistas ocidentais, tanto da Idade Média como
da Moderna, representam ou simbolizam o microcrosmo por meio do
pentagrama ou estrela de
cinco pontas e o Macrocosmos pelo duplo triângulo ou estrela de seis
pontas. ELIFHAS LÉVI e cremos que também Kunrath, um dos mais insígnes
ocultistas de tempos passados, dão a razão do pentagrama. Na obra
Rosacruzes de Hargrave Jermings aparece a exacta relação do
Microcosmos com o homem no centro do pentagrama.”
ELIFHAS LÉVI dedica à estrela de cinco pontas o capítulo V da
sua obra Dogma e Ritual de Alta Magia onde refere que o
pentagrama exprime a dominação do Espírito sobre os elementos 3
e é por este signo que nos conectamos com os Silfos do ar, as
Salamandras do Fogo, as Ondinas da Água 4
e os Gnomos da terra.5
Armado deste símbolo e
convenientemente disposto, podeis ver o infinito através daquela
faculdade que é como que o olho da vossa alma, e vós vos fareis servir
por legiões de anjos e colunas de demónios, adianta ainda ELIPHAS LÉVI.
6
O pentagrama é um signo que resume, exprimindo-as, todas as forças
ocultas da natureza, um signo que sempre manifestou aos espíritos
elementais e outros um poder superior à sua natureza, naturalmente
os enche de respeito e temor e os força a obedecer, pelo império da ciência
7
e da vontade sobre a ignorância e a fraqueza. 8
9
É também pelo pentagrama que se medem as proporções exactas do
grande e único athanor necessário à confecção da pedra filosofal à
realização da Grande Obra. O alambique mais perfeito que possa
elaborar a quintessência é conforme esta figura e a própria quintessência
é figurada pelo signo do pentagrama. 10
Assim como a
natureza está povoada por uma quantidade infinita de criaturas vivas,
no equivalente invisível 11
e espiritual da natureza visível (composta pelos princípios ténues
dos elementos visíveis) vivem, segundo Paracelso, grande quantidade de
seres peculiares, afirmando que há duas espécies de natureza: a de Adão
e a que não lhe pertence. A primeira é palpável, objectivável, por
estar formada de terra. A segunda não é nem palpável, nem visível,
porque é subtil, porque não está formada de terra. A natureza de Adão
é composta; o homem não pode passar através de muros se eles não
tiverem uma abertura. Para os seres de outra natureza os muros não
existem, penetram através dos obstáculos mais densos sem ter
necessidade de os deteriorar. Por último, existe uma terceira natureza
que particicipa das outras duas e são espécies da natureza espiritual:
as ninfas (ou ninfos), gnomos (pigmeus ou duendes), silfos e salamandras:
a estas quatro espécies havia que acrescentar os gigantes e muitos
outros. 12
Segundo MAX HEINDEL 13
“as ondinas que vivem na água e os silfos no ar, também estão
sujeitos à morte, seus corpos formados pelo éter vital e o éter
luminoso, respectivamente, que os torna com mais longevidade, de modo
que, enquanto os gnomos não vivem mais do que algumas centenas de anos,
as ondinas e os silfos podem viver milhares de anos, e as salamandras
cujos corpos são formados principalmente pelo quarto éter, se
diz que vivem muitos milhares de anos. A consciência que anima e forma
estes corpos pertence a um número de hierarquias divinas, que desta
forma, estão obtendo cada vez mais e mais experiência, e as formas que
estão construídas de matéria e estão assim animadas, atingiram um
certo grau de consciência de si mesmas. Durante essas larguíssimas
existências, tem um certo sentido de sua própria vida transitória, e
em rebeldia contra esse estado de coisas, se produz a guerra dos
elementos, notavelmente entre o Fogo, o Ar e a Água. Imaginando-se
que estão em um cativeiro, tentam libertar-se de suas amarras pela força,
e como eles têm sentido para se guiarem por si mesmas, correm
desordenadamente em forma destrutiva, que por vezes vezes podem levar a
grandes catástrofes”. A consciência dos gnomos é muito pequena
para serem capazes de tomar a iniciativa, mas muito frequentemente se
fazem cúmplices dos demais espíritos da natureza, abrindo fissuras nas
rochas, que favorecem imediatamente as erupções”.
Os Espíritos da
Natureza formam as plantas, os cristais de rocha e conjuntamente com
outras numerosas hierarquías estão trabalhando contínuamente em torno
de nós, ainda que invisívelmente, contudo, estão sempre ocupadíssimos
em fazer o que chamamos de Natureza. São seres em evolução como os
humanos, e por essa mesma razão de que estão evolucionando, se vê que
não são perfeitos e que, portanto, podem cometer erros que resultem em
deformações ou mal conformações, de maneira que pode dizer-se que as
inteligências invisíveis que fazem o que chamamos a Natureza, da mesma
maneira que nós, são culpados de frequentes erros. 14
É conhecido o homem vitruviano, desenho de LEONARDO DA
VINCI, figura humana de braços e pernas abertas, circunscrito a um
quadrado e a um círculo, representando o pentagrama.
O pentagrama é um símbolo que tem sido adoptado por diversas
organizações esotéricas (15) atento
o seu profundo significado, aparecendo também como símbolo mágico
capaz de atrair ou afugentar entidades conforme a posição em
que é colocado. Em forma de pentagrama foi a disposição que os navios
tomaram na Quinta Jornada das Bodas Alquímicas de Christian
Rosencreuz, em torno do qual as ninfas fizeram um círculo para
cantar um Hino ao Amor.
A organização The Rosicrucian Fellowship que é a
seguidora e representante da Fraternidade Rosacruz que foi fundada em
1313 por CHRISTIAN ROSENCREUZ, tem no seu emblema um pentagrama e que
simboliza o Dourado Manto Nupcial dos Auxiliares Invisíveis que em
torno dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, diariamente dão
cumprimento ao segundo mandamento de Cristo – curar os enfermos.
16
O
referido emblema, que anda em volta da constituição do Ser Humano, a
rosa branca representa o coração do Auxiliar Invisível, as rosas
vermelhas o seu purificado sangue e a cruz branca representa o seu corpo
físico. As cinco pontas mais as sete rosas, representam ainda as doze
hierarquias zodiacais responsáveis pela evolução da Humanidade.
Numa
outra organização esotérica como seja a Maçonaria, que entendemos
seja uma Escola de Mistérios cujos ritos e símbolos se mantêm perenes,
ou pelo menos, devem manter-se,17
também a estrela de cinco pontas aparece simbolizada no percurso iniciático.
O
segundo grau ou de companheiro, que em termos de numerologia anda em
torno do número cinco, a estrela de cinco pontas ou radiante, também
designada por Estrela Flamígera, substituindo o Triângulo Luminoso,
aparece como decoração no oriente, com a letra G no centro,
simbolizando a letra o Generante (o que gera), o Geómetra 18, GOD/GOTT 19
ou o GADU 20,
21
cuja invocação é feita nas sessões de abertura e encerramento do
primeiro grau no R.E.A.A.
Segundo
MAX HEINDEL, sabemos que Deus geometriza, e que todos os processos da
Natureza estão fundados no cálculo sistemático efectuado pela Mente
Maestra. Quando Deus, como Grande Arquitecto do Universo, há construído
todo o mundo de acordo com cálculos matemáticos, então sabemos que
consciente o inconscientemente o matemático vai-se dirigindo por un
caminho que eventualmente o levará a encontrar-se frente a frente con
Deus e isto em si mesmo supõe uma expansão da conciência. (cap. VI
Espíritos da Natureza).
A
Estrela Flamígera aparece-nos ou é susceptível de diversos
significados interpretativos, que andam associados em torno da composição
do Ser Humano, ao grau de evolução e consciência, que cada um possa
ter e ver no esotérico símbolo.
Reduzindo
o Ser Humano à sua componente meramente material, a mais simples das
interpretações, pode ser entendida como correspondendo às duas pernas
e aos dois braços abertos, mais a cabeça, os cinco dedos das mãos e
dos pés ou ainda os aos cinco sentidos: visão, audição, tacto, gosto
e olfacto. Segundo Boanreges B. Castro 22
23 os cinco sentidos interligam-se com as cinco funções da vida
vegetativa a saber: respiração, digestão, circulação, excreção e
reprodução.
Numa
composição dual do Ser Humano, ainda segundo BOANREGES B.
CASTRO o homem é constituído por quatro elementos inertes (terra, água,
ar e fogo) e por um elemento que vivifica todo o conjunto: a quinta-essência
ou o Espírito. A quinta-essência capaz de manter em vibração os
quatro elementos primários consta do II capítulo do Livro de Génesis
e que diz: Gen. 11,6 – “Mas uma neblina (ar e água) 24 subia da terra (pela accção do calor ou seja do fogo) e regava toda a
superfície do solo. 7 – “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó
da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a
ser uma alma vivente”. 25
O
número cinco representa os cinco elementos da matéria: o fogo, a
terra, a água, o ar e o éter, este último já conhecido do filósofo
de Samos, 26
mas ainda muito pouco conhecido da ciência académica. Segunto MAX
HEINDEL (cf. Conceito Rosacruz do Cosmos, cap. I) a região etérea do
mundo físico é constituída pelo éter químico, o éter de
vida, o éter luminoso e o éter reflector.
-
«Éter Químico.
Este éter é simultaneamente positivo e negativo em suas manifestações.
As forças que produzem a assimilação e a excreção agem por seu
intermédio. Assimilação é o processo de incorporação dos
diferentes elementos nutritivos do alimento no corpo da planta, do
animal ou do homem. Esta operação é levada a efeito por forças que
conheceremos mais adiante. Elas agem pelo pólo positivo do Éter Químico,
atraindo os elementos necessários e modelando-os em formas apropriadas.
Tais forças não actuam cega ou mecanicamente, mas de modo selectivo (muito
conhecido dos cientistas por seus efeitos), realizando assim o seu propósito,
que é o crescimento e a manutenção do corpo. A excreção é
efectuada por forças da mesma espécie, mas actuantes pelo pólo
negativo do Éter Químico. Por meio deste pólo são expelidos do corpo
os materiais que, contidos no alimento, são impróprios para o seu uso
ou que, tendo prestado toda a utilidade ao organismo, devem ser
eliminados do sistema. Estes processos, como todos os independentes da
vontade humana, são também sábios, selectivos e não exclusivamente
mecânicos em sua actuação, o que se pode verificar, por exemplo, na
acção dos rins. Quando estes órgãos estão sadios só a urina é
filtrada, mas sabe-se que quando estão doentes a valiosa albumina
escapa-se também com a urina. Assim, não há selecção apropriada em
conseqüência dessa condição anormal.
-
Éter de
Vida. Assim como
o Éter Químico é o meio que possibilita a acção das forças que
mantêm a forma individual, assim também o Éter de Vida é o meio pelo
qual atuam as forças de propagação, cujo objectivo é a manutenção
das espécies. Como o Éter Químico, este éter tem também seus pólos
positivo e negativo. As forças que trabalham pelo pólo positivo são
aquelas que actuam na fêmea durante o período de gestação,
capacitando-a para o trabalho activo e positivo de formação de um novo
ser. Por outro lado, as forças que trabalham pelo pólo negativo do Éter
de Vida dão ao macho a capacidade de produzir o sémen. No trabalho de
impregnação dos óvulos animal e humano, bem como no da semente da
planta, as forças que actuam pelo pólo positivo do Éter de Vida
produzem plantas, animais e homens do sexo masculino, enquanto que as
forças que se expressam pelo pólo negativo geram fêmeas.
-
Éter
Luminoso. Este
éter é também positivo e negativo. As forças que actuam pelo seu pólo
positivo são as que geram o calor do sangue nos animais
superiores e no homem, convertendo-os em fontes individuais de calor.
As forças que actuam pelo seu pólo negativo operam através dos
sentidos, manifestando-se como funções passivas de visão, audição,
tacto, olfacto e paladar. São também as que constroem e nutrem os
olhos. Nos animais de sangue frio, o pólo positivo do Éter de Luz é o
veículo das forças que fazem circular o sangue. Quanto às forças
negativas, estas actuam do mesmo modo que nos animais superiores ou no
homem com relação aos olhos. Onde estes não existem, as forças que
trabalham pelo pólo negativo do Éter Luminoso possivelmente constroem
e nutrem outros órgãos sensoriais conforme o fazem em tudo o que
possui tais órgãos. Nas plantas, as forças que actuam pelo polo
positivo deste Éter produzem a circulação da seiva. Portanto no
Inverno, quando o Éter de Luz carece de Luz solar, a seiva deixa de
fluir, até que o sol do Verão volte a recarregá-lo com sua força. As
forças que actuam pelo polo negativo do Éter Luminoso formam a
clorofila - a substância verde das plantas - e também cobrem as flores.
Numa palavra, todas as cores de qualquer reino da Natureza são criadas
mediante a acção do polo negativo do Éter Luminoso. Por esse motivo
os animais têm as cores mais acentuadas no dorso, e as flores as têm
no lado mais exposto à luz solar. Nas regiões polares da terra, onde
os raios do sol são mais fracos, todas as cores são atenuadas. No caso
de alguns animais elas se acham tão parcamente formadas que no Inverno
chegam a desaparecer, ficando brancos esses animais.
-
Éter
Reflector. Afirmamos
atrás que a ideia de uma casa, que existia como imagem mental, pode ser
recuperada da Memória da Natureza mesmo após a morte do arquitecto.
Todo acontecimento deixa depois de si, sua imagem indelével nesse Éter
Reflector. Assim como os gigantescos fetos da infância da Terra
deixaram suas marcas no carvão petrificado, e tal como a marcha de uma
geleira de eras remotas pode ser determinada pelos sinais que deixou nas
rochas, assim também os pensamentos e actos de todos os homens são
gravados indelevelmente pela Natureza neste Éter Reflector, onde o
vidente treinado pode ler a história de cada um com exatidão
proporcional à sua habilidade.» 27

Em
jeito de conclusão, a estrela de cinco pontas também designada na maçonaria
de Estrela Flamígera ou Estrela Flamejante – que
etimologicamente é a estrela que gera chama, que gera calor – não
podemos deixar de a associar à constituição do Ser Humano. A
constituição do corpo físico é representada pelas duas pontas
inferiores, correspondentes aos membros inferiores do Homem de
Vitruvius, mais as duas pontas intermédias que correspondem aos braços,
sendo que, as quatro pontas simbolizam ainda os quatro elementos –
terra, água, fogo e ar. A ponta superior que para uns corresponde à
cabeça, para outros simboliza o Espírito, podendo ainda corresponder
ao quinto elemento – o éter – que nas suas diversas componentes
corresponde ao corpo vital, 28 existente nos humanos, nos animais e também nas plantas, embora, com
especificidades próprias.
No
conjunto dos quatro éteres destacamos os dois inferiores – químico e
de vida – associados às funções vitais do corpo físico (existentes
nos animais e nas plantas) e os dois éteres superiores – luminoso e
reflector – que constituem o Dourado Manto Nupcilal a que também se
referem as Bodas Alquímicas de Christian Rosenkreuz (cf. sétima
jornada) ou HIRAN ABIFF, Mestre dos artífices construtores do Primeiro
Templo de Salomão. 29
**
Probacionista The Rosicrucian Fellowship e membro da Fraternidade
Rosacruz in Lusitania
NOTAS
Em o Fausto de Goethe temos no Quadro IV Cena I:
FAUSTO
(abrindo um vade-mecum de magia)
Atiro-me
ao bruto; primeiro, co’a fórmula
dos
quatro chamada:
«Arda
a Salamandra! Retorça-se a Ondina!
vá
Gnomo lidar!»
por
nenhum modo punha leis a génios.)
(Torna-se
ao livro)
«Tu,
se és Salamandra, salta flamejante!
«Se
Ondina, difunde-te em vaga espumante!
«Se
és Silfo, em meteoro te exala brilhante!
«Íncubo,
Íncubo! acode! Protege a vivenda!
«Sai
do chão, sai! Acabe tão longa contenda!»
Nenhum
dos quatro é nele; está bem visto.
Nem
se ergue, nem se move; olha-me fito,
imóvel
que nem órbitas de crânio.
Inda
lhe não fiz mossa. Em vão persiste;
FAUSTO
Tens
medo ao pentagrama! Essa é bonita!
emandingou-te
acaso? Um génio desses
deixa-se
assim lograr?
MEFISTÓFELES
Repare
o sábio!
Aquele
pentagrama está mal feito.
não
fechou bem.
FAUSTO
Ditoso
acaso. Temos
portanto
que estás preso, e eu sou teu dono.
Foi
o tal bico-aberto uma fortuna.
MEFISTÓFELES
O
cão vinha a correr; não viu a coisa.
Agora
é que reparo no busílis.
Não
há sair; não há.
FAUSTO
Pela
janela.
MEFISTÓFELES
É
uma lei de espectros e demónios:
sai-se
por onde se entra; à entrada livres,
Sobre a identidade entre Hiran Abiff e Christian Rosencreuz cf. MAX
HEINDEL, Maçonaria e Catolicismo, cap. IX. Ebook da FRC Lusitania.
BIBLIOGRAFIA
- ANTÓNIO DE MACEDO, Laboratório Mágico, HUGIN.
- ANTÓNIO LOPES, da rosa, da fénix e do pelicano, compreender o ritual
do 1º ao 18º grau do R.E.A.A, editora CAMPO DA COMUNICAÇÃO.
- MAX HEINDEL, Conceito Rosacruz do Cosmos, ebook PDF.