FRATERNIDADE ROSACRUZ  in LUSITANIA

Lusitano Centro Rosacruz Max Heindel

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Mente Sã,  Coração Nobre e Corpo Puro

 

 
 

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Alessandro Cagliostro

by Carlos Cardoso Aveline

 

Místico do Século Dezoito
Antecipou Missão de Helena Blavatsky

O texto a seguir foi publicado
inicialmente no boletim eletrônico
“O Teosofista”, edição de abril de 2011.
 
“Não venho de nenhum lugar, e não
pertenço a tempo algum. Fora do tempo, 
meu ser espiritual vive sua existência eterna.”
 
(Alessandro Cagliostro) 

O conde Alessandro Cagliostro foi um dos maiores místicos do século 18.   Ele foi também incompreendido e perseguido até a morte -; ou, pelo menos, até o momento em que desapareceu misteriosamente da sua cela, em uma inacessível prisão do Vaticano. 

Todo aquele que contraria a ignorância organizada é alvo de ataques. Segundo a lenda dos evangelhos cristãos, Jesus Cristo foi condenado à cruz como castigo por ser um charlatão.  Cagliostro ainda hoje é chamado de charlatão, assim como ocorre com Saint-Germain, Helena Blavatsky e outros sábios e filósofos de diferentes épocas.

Apesar das calúnias, o trabalho de Cagliostro na segunda metade dos anos 1700 tem uma relação interna com o impulso que um século depois criaria o movimento teosófico moderno,  em 1875. 

Famoso por seu dom de curar, Cagliostro trabalhou em níveis superiores de consciência. Seu esforço se somou às ações de outros pensadores do século 18, entre eles os filósofos iluministas de vários países da Europa. Ele ajudou a provocar grandes transformações sociais. Ele também fez uma tentativa de resgatar o movimento maçônico da sua decadência.   Cagliostro criou em Lyon, na França, em 1786, uma maçonaria aberta à participação de mulheres e para a qual criou um Rito Egípcio.  Mais tarde, Annie Besant e seus seguidores iriam usar o nome “rito egípcio” para fazer um ritual sem valor e sem relação com o rito egípcio autêntico.  

H. P. Blavatsky informa que Cagliostro agia inspirado pela filosofia esotérica dos mestres do Oriente. Ele passou algum tempo na Rússia e na Inglaterra. Depois viveu na França. Perseguido, passou seis meses preso na Bastilha antes de ficar comprovada sua inocência no famoso caso do Colar da Rainha. Seu trabalho pela regeneração do ser humano coincide com o mesmo impulso interior humanista que fez surgir a declaração dos direitos do homem e originou as revoluções norte-americana e francesa.  Os excessos da revolução francesa, que degenerou em uma espécie de terrorismo de Estado, apenas mostram a necessidade da ação pacífica. O ideal básico da democracia e da liberdade do indivíduo é mais atual do que nunca, no século 21.  O lema “Liberdade, Igualdade [de Direitos] e Fraternidade” é hoje a meta da Organização das Nações Unidas e de cada cidadão de boa vontade.

 Passo a passo, a civilização se aproxima do momento em que será alcançado o ideal da paz perpétua entre todos os povos,  levantado na segunda metade do século 18 por Jean-Jaques Rousseau, por Immanuel Kant, pelo Barão de Holbach e outros humanistas, ao mesmo tempo que o  místico Cagliostro e o conde de Saint-Germain também trabalhavam, num plano mais esotérico, pela elevação da alma humana.  

Nascido em 1748, Cagliostro havia trabalhado longamente pelo ideal humanista quando foi preso pela Inquisição do Vaticano na Itália, em dezembro de 1789.

 Naquele momento a revolução francesa estava começando. Feito prisioneiro, ele foi levado de uma prisão para outra. Cagliostro foi torturado, longa mas inutilmente, pelos carrascos católicos.  O objetivo dos verdugos do Vaticano era forçá-lo a confessar crimes que não havia cometido.

 Em 7 de abril de 1791,  Cagliostro  foi condenado à morte. Seus livros e alguns dos seus objetos maçônicos foram queimados diante de uma multidão, na Piazza della Minerva, em Roma.

  H.P. Blavatsky conta que pouco depois aconteceu algo curioso. Um estranho personagem, nunca antes visto no Vaticano, surgiu em Roma e solicitou uma audiência em particular com o Papa. Ao invés de dar seu nome, o desconhecido mandou ao Pontífice, pelo Cardeal Secretário, apenas uma palavra

  A reação do papa foi receber imediatamente o desconhecido. Depois de alguns minutos de audiência privada, o personagem retirou-se. Em seguida, o papa deu ordens para um procedimento que deveria ser feito no mais absoluto segredo.  A pena de morte a que Cagliostro havia sido condenado deveria ser comutada para pena de prisão perpétua.  O conde de Cagliostro deveria ser encerrado no castelo de San Leo, que ficava no alto de uma rocha, e ao qual só se podia ter acesso por meio de uma cesta elevada e abaixada com uso de roldanas.  Era um elevador primitivo. [1]

  Foi dali, há mais de 200 anos, que Cagliostro desapareceu  em 26 de agosto de 1795.

  Segundo a versão oficial, ele morreu. De acordo com outras versões, mencionadas por Helena Blavatsky, ele teria saído vivo daquela cela inacessível graças a algum método especial.

  Há de fato um mistério sobre o modo como terminou a vida deste personagem. Segundo W. R. H. Trowbridge [2] , que cita H. P. Blavatsky como fonte, ele parece ter saído da prisão de San Leo por um método do qual seus carcereiros não foram informados.  Esta afirmação de HPB está documentada. HPB narra esta possibilidade em seu artigo “Was Cagliostro a Charlatan?”, atualmente publicado em “Collected Writings”, volume XII, p. 88.

  Além disso, Trowbridge menciona um relato segundo o qual, alguns anos depois da desaparição de Cagliostro, teria acontecido algo de grande interesse para os teosofistas.  Trowbridge cita HPB como fonte da sua afirmativa, mas não diz em que texto ela escreveu ou quando ela disse o que ele narra.  Segundo Trowbridge, HPB afirmou que Cagliostro foi visto por várias pessoas na Rússia, depois de sua suposta morte em 1795, e que passou algum tempo na casa do pai de Helena Blavatsky. 

  A afirmativa de Trowbridge deve ser investigada, porque não está demonstrado que H. P. B. fez tal afirmação.

  É certo, porém, que Cagliostro viveu alguns meses na Rússia entre 1779 e 1780.  H. P. B. nasceu no império russo poucas décadas depois da morte de Cagliostro.  Um estudo comparado entre as personalidades e circunstâncias de vida de ambos mostra grande número de elementos similares. H. P. B. escreveu bastante sobre Cagliostro.  Ela também usava a jóia maçônica que pertencera a ele, e que hoje faz parte dos arquivos da Sociedade Teosófica de Adyar, na Índia [3]

  Em carta a Alfred Sinnett, Helena Blavatsky conta que um colaborador dela, Darbargiri Nath, visitou durante uma hora a cela de prisão em que esteve Cagliostro. Darbagiri pode ter desenvolvido ali alguma atividade meditativa especial.  Na mesma citação, HPB menciona o Sr. Hodgson, um dos que a acusaram de charlatã nos anos 1880:

  “Serei eu maior, ou de alguma maneira melhor, do que foram St. Germain, e Cagliostro, Giordano Bruno e Paracelso, e tantos outros mártires cujos nomes aparecem nas Enciclopédias do século 19 com os meritórios títulos de charlatães e impostores? Será carma dos juízes cegos e maldosos - não meu carma. Em Roma, Darbargiri Nath foi à prisão de Cagliostro no forte Sant Angelo, e permaneceu naquele buraco horrível durante mais de uma hora. O que ele fez lá daria ao Sr. Hodgson elementos para outro Informe ‘cientifico’ se ele pudesse investigar o fato.” [4]

  É interessante registrar um detalhe numerológico que mostra a relação oculta entre Cagliostro e Helena Blavatsky.  

  Cagliostro foi condenado à morte dia 7 de abril de 1791. Helena Blavatsky morreu no dia 8 de maio de 1891, exatamente um século, um mês e um dia depois da condenação  de Cagliostro.  

  É consenso em meios esotéricos que no século 18 Cagliostro trabalhou em cooperação com o conde St. Germain. Henry Olcott, co-fundador do movimento teosófico moderno,  escreveu algo significativo sobre uma das pessoas mais próximas de HPB, a sua tia Nadya Fadeef.   

Referindo-se a St. Germain, Olcott disse:

  “Se a Sra. Fadeef - tia de HPB - pudesse ser induzida a traduzir e publicar certos documentos da sua famosa biblioteca, o mundo teria um enfoque mais bem informado do que existe até hoje sobre a missão europeia pré-revolucionária deste Adepto Oriental.” [5]

  De fato, HPB termina o artigo intitulado “Count de Saint-Germain”, publicado na sua revista “The Theosophist”, com as seguintes palavras:

  “Uma pessoa respeitada, integrante da nossa Sociedade [Teosófica] e residente na Rússia, possui alguns documentos sobre o Conde de Saint-Germain que são altamente importantes para resgatar a memória deste que é um dos maiores personagens da época moderna. Esperamos que os elos perdidos da sua história incompleta possam ser publicados em breve nestas colunas.”

  Boris de Zirkoff, editor das obras de HPB, acrescenta que tal teosofista morando na Rússia era certamente Nadya, a tia de HPB, e que os documentos mencionados nunca foram colocados à disposição do público. [6]    

  Henry Olcott também afirma em suas Memórias que H. P. B. e ele pensaram, em 1878, em fazer com que o movimento teosófico retomasse o trabalho de Cagliostro. [7]

  Na primeira metade da sua missão, HPB fez fenômenos psíquicos de certo modo semelhantes aos realizados por Cagliostro.

  O estudioso Marc Haven escreveu uma longa e excelente biografia de Cagliostro, “Le Maître Unconnu”. É  um dos poucos estudos de grande  porte sobre Cagliostro que lhe fazem  justiça, e até hoje está publicado apenas em francês. Neste livro vemos o que Cagliostro disse a seus juízes, quando lhe perguntaram quem, afinal, era ele:

  “Não venho de nenhum lugar, e não pertenço a tempo algum. Fora do tempo, meu ser espiritual vive sua existência eterna. E se me retiro em minha consciência e retrocedo ao longo do curso das idades, e se levo meu espírito até uma forma de existência que está muito longe da pessoa que vocês vêem diante de si, então me torno um com meu ser espiritual. Enquanto estou conscientemente participando do Ser Absoluto, estou ao mesmo tempo ajustando minha atividade às minhas circunstâncias. Meu nome é o nome da minha função, e eu a escolhi, porque sou livre; meu país é aquele em que eu estiver trabalhando em qualquer momento dado.”

  Cagliostro prossegue:  

  “Não nasci da carne nem da vontade de seres humanos. Nasci do espírito. Meu nome é coisa minha, e é este com o qual escolhi aparecer diante de vocês, este é o nome que quero. O nome da minha juventude (.....), este eu o deixei como uma roupa velha que não  tem mais utilidade para mim.”.

  E ainda:

  “Todos os povos são meus irmãos; todos os países são amados por mim. Estou viajando para que por toda parte o Espírito possa descer e encontrar um lugar entre vocês. Peço aos reis, cujo poder eu respeito, apenas hospitalidade em seus países, e quando a recebo, trabalho para estimular, no que é possível, as boas ações.” [8]

  Assim como Helena Blavatsky, Alessandro Cagliostro teve coragem e grandeza diante dos seus perseguidores.  Quando o interrogaram sobre suas atividades, ele respondeu: 

  “Em cada lugar a que vou, largo uma parte de mim mesmo (....)  deixando a vocês uma pequena claridade, um pequeno calor, uma pequena força; até que, por fim, eu esteja definitivamente no final da minha carreira, no momento em que a rosa florescer na cruz.[9]

  De fato, H.P. Blavatsky escreveu que Cagliostro foi o último dos verdadeiros rosa-cruzes.[10]   As palavras dele no trecho citado acima parecem sugerir duas coisas:

  1) Que a missão de Cagliostro incluía várias vidas; e

  2) Que sua missão terminaria com a vitória definitiva da sabedoria e da ética universais,  na comunidade humana.

  (C. C. A.)

  NOTAS:

  [1] “Was Cagliostro a Charlatan?”,  artigo de H. P. B. publicado em  “The Collected Writings of H. P. Blavatsky”,  TPH, Adyar, India, volume XII, pp. 87-88.  O artigo completo vai da p. 78 à p. 88. 

  [2] “Cagliostro - Maligned Freemason and Rosicrucian”, W. R. H. Trowbridge, Kessinger Publishing Co., Montana, USA, 312 pp., ver  pp. 306-307.

  [3] Sobre a acidentada trajetória da jóia maçônica de Cagliostro, veja o artigo “The Mysterious Life and Transitions of the Cagliostro Jewel”, de Nell C. Taylor, na revista “Theosophical History”, edição de julho de 1990, Califórnia, EUA, pp. 79 e seguintes. Discípulos avançados têm a possibilidade de reencarnar rapidamente, porque experimentam em vida altos níveis de consciência e não necessitam, para este “descanso na esfera celestial”, de um longo intervalo entre duas vidas. Segundo alguns pesquisadores, como a autora inglesa Jean Overton Fuller, as encarnações de Paracelso, Cagliostro e H. P. B. podem ter sido três vidas em sequência, da mesma alma imortal, cuja meta é ajudar na preparação de um novo ciclo da evolução humana. As semelhanças entre estas três vidas também podem ser resultado de outras causas. Ver comentário sobre “An Unsolved Mystery”, na Nota sobre fontes bibliográficas, mais abaixo.

  [4] “The Letters of H. P. Blavatsky to A.P. Sinnett”, transcribed by A.T. Barker, Theosophical University Press, Pasadena, California, USA, 1973, 404 pp., ver Carta XLVI, p. 110.  H. P. B. dá o nome de Sant Angelo para a Fortaleza. Cagliostro foi preso inicialmente em Sant Angelo. O Vaticano afirma que ele morreu mais tarde na fortaleza de San Leo (“Collected Writings”, ver volume XII,  pp. 86-88.)  Há ilustrações sobre San Leo e a cela supostamente ocupada ali por Cagliostro na obra “Cagliostro”, de Roberto Gervaso (ver nota “Outras Fontes Bibliográficas”, a seguir). 

  [5] “Old Diary Leaves”, Henry Olcott, First Series (volume I), TPH, India, 1974, 490 pp., ver p. 241, nota de pé de página.

  [6] “Count de Saint-Germain”, artigo de HPB, em “Collected Writings”, volume III, pp. 125-129, ver p. 129.

  [7] “Old Diary Leaves”, Henry Olcott, First Series (volume I), obra citada, pp. 468-469.

  [8] “Le Maître Unconnu: Cagliostro” (Etude historique e critique sur la Haute Magie), de Marc Haven, Editions Dervy, Paris, Quatrième Edition, 1995.  Ver  pp.  241-244.    

  [9] “Le Maître Unconnu: Cagliostro”, obra citada, ver pp. 242-243.     

  [10] “The Collected Writings of H. P. Blavatsky”,  TPH, Adyar, India, volume I, pp. 103-104, artigo intitulado “A Few Questions to ‘Hiraf’ ”.   No mesmo volume, ver também p. 141, texto “The Science of Magic”.


 


 

 

 

 

 

 

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